Lesões
cerebrais em lutadores de boxe e MMA podem começar após 6 anos de carreira
Os lutadores podem sofrer
com demências e outros tipos de doenças neurológicas em decorrência dos golpes
violentos que levam ao longo da carreira.
De acordo com um
estudo realizado pelo médico
Charles
Bernick, do Lou Ruvo Center for Brain Health, em Las Vegas, os
lutadores de boxe e MMA podem sofrer
danos cerebrais após seis anos de
atividade. Para chegar a esta conclusão, a pesquisa avaliou 170
lutadores.
Devido as possíveis lesões
cerebrais que afetam os lutadores, Bernick alertou que o
acompanhamento deve acontecer o quanto antes para evitar problemas sérios. Os
resultados da pesquisa alertaram que os sintomas aparecem com frequência nos
lutadores, além do que algumas doenças se desenvolvem com mais facilidade, como
é o caso do Parkinson e Alzheimer.
Para chegar aos resultados, o
estudo realizou
ressonância
magnética nos participantes e também propôs testes de cognição durante
um ano. Bernick constatou ainda nas suas avaliações que os danos no cérebro se
desenvolvem antes mesmo dos sintomas, por isso a necessidade dos lutadores
consultarem um médico regularmente.
Os organizadores de campeonatos e responsáveis
pelas lutas não demonstram tanta preocupação com a
saúde dos lutadores. Os exames
que avaliam as condições cerebrais são obrigatórios somente no início da
carreira, mas não existe uma recomendação para que os profissionais dos ringues
façam ressonância magnética com mais frequência.
Os golpes das lutas podem
contribuir com o aparecimento de doenças graves, por isso a atenção precisa ser
redobrada para o aparecimento dos primeiros sintomas. Entre as lesões cerebrais
que acontecem com frequência, vale ressaltar demência pugilística,
que se manifesta inicialmente pela dificuldade de pensar e perda de memória.
Bernick alerta que, quando o lutador perceber os primeiros
sinais dos danos cerebrais, ele deve reduzir o número de lutas. Entre
os sintomas típicos, destacam-se a irritabilidade, paranoia, déficit de
memória, lentidão de pensamento, voz enfraquecida, movimentos lentos e
problemas de equilíbrio. Enfim, os danos afetam a cognição, o comportamento e a
coordenação motora.
A pesquisa realizada por Charles Bernick deve
continuar por mais quatro anos, afinal, a intenção é acompanhar 625 lutadores
para diminuir os danos causados pelos esportes violentos.
Casos de danos cerebrais
por causa das lutas
O ex-UFC Gary
Goodridge sofre de demência pugilística em decorrência do esporte violento
com o qual construiu uma carreira. Ele alega que é bastante complicado conviver
com a doença, além do que não há um tratamento definitivo para ela. Para
retardar o processo, Gary toma remédios.
Gary Goodridge tem doença degenerativa na cabeça
diagnosticada
Encefalopatia traumática crônica (ETC) é uma lesão
cerebral causada por repetidos traumatismos cranianos. Lutador não se arrepende
do passado
Gary Goodridge, ex-lutador de UFC, Pride e K-1, teve
diagnosticada uma doença degenerativa chamada encefalopatia traumática crônica.
A ETC, como é chamada, é uma lesão cerebral causada por repetidos traumatismos
cranianos. Goodridge, nascido em Trinidad e Tobago, tem 46 anos e uma carreira
extensa tanto no MMA (23-22) quanto no kickboxing (12-24-2). Lutava desde 1999,
mas já não sobe aos ringues desde 2010. E não se arrepende de nada.
- Eu amo o jeito que vivo minha vida, quero dizer
que eu gostaria de fazer pequenas mudanças, mas não, eu não tenho
arrependimentos. Eu adorava a maneira como minha vida era, eu vivi uma vida
boa, e eu estou feliz com o que eu fiz - disse Goodridge ao site
"MMAWeekly".
A encefalopatia
traumática crônica é comumente encontrada em lutadores de boxe, jogadores de
futebol americano, de hóquei no gelo e outros atletas que sofreram repetidos
choques traumáticos na cabeça.
Goodridge, que
chegou a lutar mais MMA do que kickboxing, credita as lesões aos combates que
fez no K-1, maior evento de trocação do mundo e onde não é permitido luta no
solo, nem golpes de estrangulamento ou torção. Ele lançou recentemente sua
autobiografia e quer alertar os lutadores sobre os perigos das concussões.
- Você tem as
notícias que apenas tem que lidar com isso, viver com ele. Não há tratamento.
Há comprimidos para tornar o processo da doença mais lento, mas é inevitável.
Eu gostaria de compartilhar com as pessoas, mas eu acho que a maioria das
minhas lesões veio do K-1. MMA realmente não era um problema, porque não há
quase nenhum golpe na cabeça. Cerca de 90% de meus ferimentos vieram do K-1,
onde não há traumatismos cranianos, mas há mais lesões na cabeça.
MMA: lesões podem ir além de músculos e ossos
O MMA (do inglês mixed martial arts – artes
marciais mistas) virou moda. E já é a modalidade de esporte que mais cresce
percentualmente em todo o mundo. E essa moda, é claro, pegou nas academias do
Brasil. Mas como se preparar para um esporte tão violento e perigoso?
Como o nome já diz, o MMA é
formado por diversas modalidades de artes marciais combinadas, que incluem
tanto golpes de lutas em pé quanto técnicas de lutas no chão. Por esta razão,
seu treino pode ser bastante complexo e deve ter atenção especial.
De acordo com o médico fisiatra
do Einstein, Dr. Mário Sérgio Rossi Vieira, para o treinamento do MMA é
fundamental que o instrutor seja bem versado nessas diversas técnicas.
“Como cada modalidade exige
técnicas diferentes de treino, é muito importante que o MMA seja ensinado por
diversos instrutores de modalidades distintas ou por um instrutor que conheça
bem cada uma delas. A importância aqui é reduzir o risco das lesões que podem
surgir em cada modalidade”, explica.
As principais lesões causadas
pelo MMA são de ordem física e neurológica. Podem ser divididas nos seguintes
tipos:
Risco
por treinamento
Aqui, independente do contato
com um adversário, o individuo praticante de MMA pode se lesionar somente pelo
treinamento inadequado. “O indivíduo tem que ser bem orientado para prevenir
lesões, minimizar riscos e aumentar a sua eficiência”, avalia o médico.
“Uma academia com instrutores
bem preparados é fundamental para que as técnicas tenham melhor padrão possível
para não forçar articulações, músculos e tendões desnecessariamente ou de
maneira errada”, alerta.
Risco
por contato
O MMA é um esporte que
proporciona praticamente contato total com o adversário. Com isso, aumentam-se
os riscos de lesões em diversas partes do corpo. Os maiores são de contato
direto por chutes, socos e estrangulamento.
Essa relação violenta pode
levar a lesões mais simples – como hematomas e contusões – ou mais complexas –
quando um chute acerta, por exemplo, uma articulação, podendo provocar
luxações, rompimento de ligamentos ou até mesmo fraturas, como de costelas.
Lembrando que as fraturas também podem acontecer nas mãos e pés de quem está
batendo, e não somente em quem está recebendo os golpes.
Risco
neurológico
De acordo com o neurologista do
Einstein, Dr. Pedro Paulo Porto Junior, essas pancadas repetitivas do MMA podem
resultar em pequenas lesões axonais no cérebro que, dependendo da intensidade,
podem provocar alteração de raciocínio e complicações neurológicas. “Uma
disfunção neurológica em uma ou outra parte do corpo depende da região que for
lesionada no cérebro”, explica o neurologista.
“Esses golpes podem levar
inclusive a lesões importantes na região entre a base do crânio e a coluna
cervical. Nesse caso, dependendo da intensidade, poderia acontecer até um
paralisia dos membros, por exemplo”, afirma o Dr. Pedro Paulo.
E ele alerta: “Quem tiver má
formações vasculares, como aneurisma e fístulas arteriovenosas, têm risco
aumentado de complicações neurológicas por causa dessas lesões”.
Lutador de MMA morre com lesões no cérebro seis
dias após luta-30 Mai 2012
De acordo com sua sogra, Violet Schieman,
após a luta, Dustin Jenson ainda acompanhou os dois confrontos seguintes antes
de seguir ao vestiário, onde sofreu um ataque epiléptico.
Los Angeles - O lutador de
MMA, Dustin Jenson, morreu seis dias após sofrer uma lesão no cérebro durante
uma luta no dia 18 de maio, na Dakota do Sul, Estados Unidos. Era apenas seu
quinto combate no esporte. As informações são do site Bloody Elbow.
Jenson tinha 26 anos e
participava do RingWars, quando foi derrotado por submissão. De acordo com sua
sogra, Violet Schieman, após sua luta ele ainda acompanhou os dois confrontos
seguintes antes de seguir ao vestiário, onde sofreu um ataque epiléptico.
De acordo com Schieman, o corpo
médico que o atendeu no local disse que a pressão cerebral de Jenson era alta e
ele foi colocado em coma induzido antes de uma cirurgia para despressurizar o
cérebro. Jenson foi declarado morto dia 24 de maio e teve seus órgãos doados.
Schieman disse que sua filha,
Rebecca Jenson, lhe contou que a luta não foi violenta, opinião que é
compartilhada por médicos que assistiram à luta. "Eles disseram que a luta
pode ter causado um aneurisma cerebral, mas não foi violenta".
30.01.2012 - 16:26
Herói nacional por conta de medalha de ouro nos Jogos Olímpicos
de Pequim, em 2008, entre os pesos pesados do judô, o japonês Satoshi Ishii
está com sua carreira no MMA em risco. A imprensa do país noticiou no último
fim de semana que uma lesão cerebral pode fazer com que ele deixe as lutas de
vez.
A revista semanal japonesa Cyzo publicou que o lutador de apenas
25 anos sofreu um edema cerebral ao ser nocauteado com uma série de socos na
cabeça pela lenda russa do MMA Fedor Emelianenko, ainda no primeiro round, no
tradicional evento de Réveillon que é realizado todo ano no país.
A lesão veio a público depois de ele recusar uma luta com o
brasileiro Ricardo Arona, que seria realizada em março deste ano. Em setembro
passado, ele já veio para cá, quando empatou seu combate com Paulo Filho na
primeira edição do Amazon Forret Fight.
Esse poderia ser o fim de uma promissora carreira do jovem
lutador, que era apontado como principal esperança para o Japão voltar a ter um
nome de destaque no MMA depois da época do extinto Pride.
Logo após conquistar sua medalha olímpica, Satoshi Ishii demonstrou
interesse em trocar o judô pelas artes marciais mistas. Duramente criticado no
país inicialmente pela mudança, estreou no MMA no final de 2009, com uma
derrota para Hidehiko Yoshida.
Deste então, ele teve uma carreira de sete lutas profissionais,
com quatro vitórias, duas derrotas e um empate. Veja abaixo a luta entre Fedor
e Ishii.